Termos ido parar ao camping/hostel Fatima´s Nest foi um acaso.
Termos tido a sorte de apanhar boleia de carrinha até Maputo também....
No pequeno almoço tivemos a informação dourada.
A Fatima, dona do spot (tem mais um hostel em Maputo), ía nessa manhã para Maputo.
Na carrinha de jantes quitadas já íam mais 3 aves raras (1 gajo simpático com cara de Mr Bean, 1 tipo que sofria de bipolaridade de 10 em 10 segundos e 1 rapariga que não abriu a boca a viagem toda) e muita carga na carrinha....
Falámos com a Fatinha que concordou em dar-nos boleia, sem problemas.
Só teríamos que convencer as aves raras a prescindir de um pouco de espaço e conforto.
Tivemos que lançar aquele olhar cigano, lembrar que tínhamos um avião para apanhar 1dia e meio depois e que a nacionalidade portuguesa nos tinha tinha dado em 2 segs mais empatia com a condutora do que um Alemão, um Suiço e uma Eslovena alcançariam em 2 horas.
Siga!!
A estrada entre o Tofo e Maputo não é nada má em comparação com a do resto do país.
Durante a nossa passagem em 2010, estava a ser construída uma via rápida até à capital.
Passámos por 2 grandes estaleiros de obra e a Fátima contou-nos, entre 2 bafos de nicotina pura, um pormenor surreal. A maior parte das grandes obras rodoviárias e portuárias a decorrer em Moçambique estavam a ser desenvolvidas por empresas chinesas. Os trabalhadores são presidiários chineses que estão ali unica e exclusivamente para trabalhar. Custo zero....Só saem do estaleiro para trabalhar.Não admira que ganhem as obras.
A viagem corria bem, a carrinha rolava confiante apesar dos buracos na estrada e eu só pensava na melhor marisqueira que nos poderia acolher para jantar.
Mas o chavão chamou-nos: No pain, no gain! - seus malandros pequeno burgueses que só pensam em camarão de moçambique!
Puffff!!!!
Grrrrrrr.....
Stop!
Furo....
Stop....
Eu e o António fomos forçados a liderar a operação de mudança de pneu. As aves raras não mostravam muita apetência para a coisa.
O unico problema é que o pneu sobresselente não estava em condições.
Bunito serviço!
Já estava a ver o jantar por um canudo...
Tinha as costas suadas como o Van Damme quando filmou na Tailândia, tinha muita fome, estava cansado e com pouca vontade de sentir os mosquitos de fim da tarde.
O bonito (agora é mesmo bonito) deste país é que assistimos a atitudes próprias de aldeia quando menos esperamos, onde menos esperamos...
Meia hora depois, passou uma pick up que nos emprestou um pneu... Toma lá, dás-me quando puderes no sitio tal e tal...
bonito!
Fizemos uma mudança de pneu à Ferrari (Ferrari da época do Prost, entenda-se...) e seguimos....
Meio maço de tabaco depois já a Fátima tinha esquecido o percalço.
Tinhamos saído de manhã e agora, noite, entrávamos finalmente em Maputo.
Uff! Estavamos a chegar...
Correspondeu ao cenário que idealizei.
Subúrbios confusos que abraçam a cidade.
Muito transito, pouca luz, pessoas e carros misturados como formigas a tentar entrar no formigueiro.
Os nosso companheiros de viagem íam ficar no hostel da Fátima.
Apesar da insistência dela, inventámos uma desculpa estúpida (de vez enquando é bom ser estupido...), e pedimos para nos deixar no hotel Ibis.
17 noites duras para o corpo justificavam a vontade de um quarto de hotel sem insectos, sem barulho.
Não deve ter levado a mal, pois não só não quis que contribuíssemos para o custo da viagem como ainda nos brindou com uma t-shirt do hostel;)
Jantámos, bebemos um copo numa esplanada e dormimos como bébés (embora sem bébés...).
Acordámos cedo, a cidade ainda dormia... Estava calma demais. Pacata até.
A caminho do aeroporto metade do meu cérebro pensava na comida da minha mãe (açorda de camarão, arroz de polvo com filetes do mesmo, peixe no sal, lombo de porco no forno, hummm....) e a outra metade nos momentos únicos vividos em Moçambique.
Todo o cerebro do António pensava na alfandega.( O visto dele já estava caducado e nem o parlapié de chico esperto da Portela o livrou de pagar uma multa)
Era o fim da viagem!
Aproveitei (e abusei...) do blog para ter a certeza que o itinerário de 18 dias de aventura ficaria, à minha maneira, registado para mais tarde recordar.
Gastei,durante esta espécie de diário de bordo atrasado, todos os adjectivos para classificar este país lindíssimo banhado pelo Indico.
Num total de cerca de 3.000kms começámos em Pemba no norte do País, subimos um pouco mais até às Quirimbas e depois fomos descendo pela costa, com uma incursão ao interior do Niassa, até chegar a Maputo.
18 dias é manifestamente muito muito pouco para tanto que há para viver/conhecer nestas bandas...
Além disso Moçambique faz fronteira com países também eles muito interessantes...
Voltarei um dia com mais calma e tempo.
A 1ª paixão nunca se esquece mas vou voltar em breve a Africa para me voltar a surpreender...
Até já!!
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