Assim que nos viram a rapaziada que pescava aproximou-se, ainda de forma tímida...
Em África (ou pelo menos neste "tipo" de África...) a máquina fotográfica tem um poder transcendental mágico.
Mahomed também gostou de momento e delirava (embora de forma mais contida) com as fotos familiares...Mas cumpriu o seu papel de "chefe" da expedição. Lembrou que o almoço já deveria estar pronto. Tinhamos que ir...
As opções eram muito pouco. Ou peixe assado com arroz ou caril de peixe com arroz....Na casa do pescador atacámos o caril como se não houvesse amanha.
Convidámos Mahomed para partilhar o almoço connosco.
Era difícil perceber como aguentaria tantas horas sem comer, mas era precisamente isso que iria acontecer numa situação "normal"...
Com outra força e disposição, demos uma volta pela ilha... A paisagem era semelhante aquela que já tinhamos visto noutros pontos de Moçambique.
Casas com paredes de cana, pedras, cal queimada e terra e telhados de colmo ou folhas de palmeira, ruas de areia e muita criança a brincar... Ao contrário da Ilha de Ibo, sem ser a igreja deixada pelos portugueses e a escola, não existiam casas ou edificações em tijolo (com na maior parte do País).
Os habitantes vivem essencialmente daquilo que pescam. O que não é consumido na altura é seco para mais tarde... Vimos várias estruturas de madeira para secagem do peixe e do polvo.
O fim da tarde aproximava-se com a mesma velocidade com que o sol nascera. Era tempo de preparar a viagem de regresso a Ibo.
Fomos até ao largo junto à costa onde os pescadores se juntavam para negociar um barco que nos levasse de regresso. A maré já estava bem cheia e o caminho impossível de ser feito a pé.
Coincidimos com a chegada dos barcos tradicionais de pesca e com a descarga e distribuição do peixe pelas famílias dos pescadores.
Mahomed estava a ficar nervoso com o escurecer do dia e com a dificuldade em conseguir, por bom preço e fiabilidade, um barquinho para Ibo.
A maioria dos pescadores olhavam para nós sem grande entusiasmo, olhos vermelhos e baços de um dia de mar e da erva que fumavam para aguentar o dia...
É normal passarem um dia inteiro no mar em que o único alimento é uma bebida tradicional feita de aguardente, leite de coco e água.
Conseguimos finalmente um barco de pesca com dois pescadores e uma vela feita de um retalho de vários plásticos.
Mahomed tinha razão em estar nervoso... Mas seguimos!
2 comentários:
Excelentes imagens, excelente vivência! Pedro, temos que combinar os dois uma ida a África ou similar . :) ab.
jb
muito giras as fotos!
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