terça-feira, julho 06, 2010

Arquipélago das Quirimbas - Pangane

Pouco passava das 6h quando começou o nosso dia...
Era altura de colocar as mochilas às costas e deixar para trás os agradaveis recantos do Miti Miwiri, espaço que nos acolheu com conforto e simpatia.


Á porta do Hostel já o pescador que nos levaria de barco até Pangane (uma pequena vila piscatória mais a norte, no continente) esperava por nós.


Já se sentia o calor abafado e a humidade a agigantarem-se aos poucos, sem pedir licença e relembrando uma e outra vez que estávamos em África.

Tivemos o descernimento de, na noite anterior, pedir à cozinheira 2 sandes de queijo com cebola e 2litros de agua para a viagem que levaria cerca de 4horas...
Tínhamos oculos de mergulho, muita vontade de ver mais corais, peixinhos e peixões mas faltavam as barbatanas.
Fomos "forçados" a cometer a ousadia de acordar o Helder (dono do Hostel) de uma ressaca ainda em fermentação da longa noite anterior :)
Mas garantimos o pack completo para um dia perfeito no mar.

Seguimos para a baía de Ibo onde nos esperavam mais dois pescadores/marinheiros e um barco de madeira.
Iríamos a motor toda a viagem... Eles regressariam à vela, se as condições fossem as habituais naquele trajecto.

O combinado era pararmos em 3 a 4 sitios bons para snorkeling.... E assim foi!
A 1ª paragem foi num banco de areia.
No meio do nada aparecia aos nossos olhos uma pequena lingua de areia branca a ganhar espaço à tépida agua azul turquesa que a rodeava...



A vida animal concentrava-se a pouco metros do banco de areia.
Maravilhoso 1º mergulho a abrir o apetite para o resto da viagem.

Seguimos viagem a motor com o sol a queimar as costas e o mar sempre a chamar-nos....
Iamos passando por algumas ilhas desertas paradisicas, algumas com pequenos Lodges de Luxo com privacidade absoluta (alojamentos tipo palhotas/cabanas com muito conforto e mordomias hollywoodescas) só ao dispor de muito pouco carteiras...



Proxima paragem Ilha das Rolas, conhecida pelos seus caranguejos gigantes (podem atingir 60cm) que se alimentam dos coqueiros.
A visão da chegada à ilha não podia ser mais idílica.
Linda!!
(Durante 2 a 3 segundos vi a Brooke Shields, adolescente, versão lagoa azul a nadar nua com golfinhos sorridentes)


Na ilha só vive o guarda do parque nacional, rolas e os tais caranguejos que segundo toda a gente com que falámos possuem poderes mágicos...
O guarda alertou-nos para isso quando lhe perguntámos, no gozo, se poderiamos levar um para fazer uma sopa.
Sem se rir disse-nos que iriamos ter problemas muito graves durante a viagem...
Bem, decidimos, pelo sim pelo não, não arriscar... :)

Devido às elevadas temperaturas, a maioria dos caranguejos estavam refugiados nas rochas mas ainda conseguimos ver uns "juniores" que por não terem espaço nas rochas nem força para se afirmarem se encontravam abrigados na vegetação do interior da ilha.


Completámos o passeio completo a pé , fizemos mais uns mergulhos num dos lados da ilha,aproveitamos a maravilhosa paisagem e seguimos viagem...




O objectivo era Pangane e os homens ainda teriam que fazer a viagem de regresso com uma maré diferente e com condições de vento ainda indefinidas.

O mergulho mais brutal (o ultimo) foi em frente à ilha de Vamizi.
A 4 metros de profundidade um enorme coral desenvolvia-se por várias dezenas de metros e albergava uma palete de cores de plantas, peixes, estrelas do mar, medusas, ouriços, camarões...
Aproveitámos bem e só saímos da agua perante a insistência do capitão do barco para seguirmos viagem.
Seguimos,teve que ser, mas não esquecerei a brutalidade de cores e variedade de vida marinha que vi naquele mar...


Cerca de 2h depois já deslumbravamos ao longe Pangane...
Nesta recta final foi frequente ver alguns miudos a fazer pesca submarina em apneia só com um pequeno pneu à superficie e artefactos manuais.

Pangane aos nosso olhos - uma pequena e caricata aldeia piscatória onde seria possivel (em principio...) apanharmos boleia num chapa e iniciar a nossa viagem em direcção a Nampula, a 2ª maior cidade do País depois da capital Maputo.
De lá seguiríamos em comboio (ui ca bom...) para o interior do País rumo a Cuamba e às plantações de chá nas montanhas do Gurué.


Num gesto pequeno burguês os ajudantes do comandante do barco fizeram questão de nos levar as mochilas até à casa de um pescador que nos alugaria uma cabana bastante sui generis.
Desta vez os nosso ombros fustigados pelo sol e pelos transportes moçambicanos seriam poupados...:)

A ideia era permanecer apenas uma noite na aldeia, tratar de tudo no mesmo dia (hoje) e seguir viagem no 1º chapa sem perder tempo.
Amanha às 4h30 da manhã teríamos mais uma grande viagem na traseira de um camião de caixa aberta... Siga!!