quinta-feira, julho 24, 2008

Funny games?!?

Esta semana voltei ao ritual de, pelo menos, um filme por semana.
Tanto gosto de ir ao cinema para me rever nas personagens, nos cenários, nos diálogos, nas acções como me agrada a ideia de ser surpreendido por filmes que me transportam para outro campo de sentidos, diferentes dos que me poveiam na normalidade… Enfim, a visão normal/habitual de quem gosta de cinema.

Esta semana vi o último filme de Michael Haneke.
Bem, na verdade não se trata de um novo filme mas de um remake, a piscar o olho à bilheteira mainstream, do seu filme Funny Games versão francesa de 1997...

Saí do cinema sem conseguir discernir o trajecto do balanço “classificativo” que normalmente faço de um filme.
Acho que thriller provocante, que nos tortura e nos põe à prova constantemente está correcto…
Há uma carga emocional em artérias que não exploro e o binómio objecto artístico e sentimentos explorados (sadismo, violência gratuita, maldade, psicose,...) ainda se define na minha cabeça….

Custou a digerir a tensão psicológica e a força que mergulha o argumento do início ao fim. O clima é denso e não há espaço para descompressões ou respiros que nos tragam de volta à normalidade…
É nessa fronteira limite de crueldade e ausência de valores que o filme se passeia e nos dá as tais picadas de tensão psicológica lado a lado com uma loucura de origem desconhecida. Meia infantil, meia demente…
A brincadeira é perigosa e nem a ironia que alimenta os diálogos evita o game over, insert coin…
A dada altura, o espectador dá por si envolto num jogo estupidamente cínico e mordaz conduzido por duas personagens gélidas de comando de televisão e taco de golfe na mão,… .
A violência banaliza-se e danifica tudo o que anteriormente considerávamos como sendo norma.
As personagens são de uma qualidade irrepreensível e a condução do jogo faz-se com uma genialidade só ao alcance do mal, com um ritmo cativante que nos convida a tentar adivinhar a próxima cena.
É um filme muito duro porque mostra, sem mostrar, uma violência impar, estranha e gratuita, de uma força devastadora.

Terror lado a lado com brincadeira? Ingenuidade maldosa lado a lado com maldade planificada…
Continuo a digerir aqueles 107 mins, mas, aconselho vivamente este filme - por tudo o que disse e porque a maldade bem filmada e bem dirigida também tem o seu encanto.

http://www.youtube.com/watch?v=Ec-70W_K77U

quinta-feira, julho 17, 2008

Muita calma pra pensar e ter tempo pra sonhar...

Com o tempo ganhei a capacidade, pelo menos gosto de pensar que sim, de saber interpretar os gestos das pessoas com outra objectividade…
Porém com o tempo sinto que tenho menos polivalência para jogos de sedução…
Menos paciência direi.
Principalmente para aqueles jogos que se arrastam em olhares profundos (o chamado olhar da serpente:), cafés com 2ªs intenções e idas a filmes pipoca…
O processo muitas vezes arrasta-se e perde magia… A sedução nunca fez mal a ninguém. Cada um faz os seus truques de encantamento e se a coisa ficar com piada e com expectativas coloridas seguimos o jogo, pode ser? Mas não vamos jogar à batalha naval e marcar mais um cafezinho, por favor…

Não sou tão pessimista como o Vítor Espadinha. Como diria o Palma, acho que sou um optimista céptico que acredita que o meu Amor existe.
Gosto do sentimento naive do querer conhecer alguém só porque o seu olhar me fascina, gosto do friozinho no estômago quando os olhares finalmente se cruzam, gosto de me perder no cheiro do seu cabelo… Gosto!
Mesmo quando subir a expiral do platónico comporta um enorme risco de queda, só o prazer da ilusão colorida vale, por si só, a pena… E alimenta os dias de um oxigénio mais rico.
Mas, como todos sabemos, os puzzles não existem neste trapézio…Há que desfiar a essência no dia-a-dia, ir roubando sorrisos, partilhar confidências quando oportuno, fabricar momentos de partilha sem forçar o brilho… E lá chegaremos ou não;)

Ainda há cartas para dar mas não demores muito tempo…Está um dia lindo lá fora!
Por isso se queres marcar golo, ganhar, não chutes para canto e sai a jogar;)
P.S. - Ontem fui ver, com o meu grande amigo Tubarão, o Jobim Trio. Os tipos estavam cansados de tanta viagem e tantos concertos mas foram muito generosos e tocaram com a magia que todos ansiavam... Foi especial!
Já para o fim, quando já tinha perdido a esperança no alinhamento que iam improvisando de forma deliciosa e cúmplice, tocaram uma das maiores perolas do Jobim.
E tudo ficou ainda mais especial:

segunda-feira, julho 14, 2008

Allgarve de Portugall...

Tenho andado afastado do cinema…
Os últimos ciclos do Cineclube não me têm suscitado particular interesse e os filmes que anseio ver ainda não chegaram ao Allgarve. Chegarão? Duvido…

Na próxima ida a Lisboa trato disso;)

Os milhões que são investidos no badalado Allgarve à beira mar plantado, que só dá a cara no Verão, não resolvem as lacunas culturais durante o resto do ano, nem tão pouco aquele vazio que ganhou raízes no comodismo dos Autarcas e no pessimismo de quem não valoriza a matéria humana da região…

Por um lado ouvimos, há muito tempo, que o Algarve tem que ter um crescimento sustentável, tem que aprender a sub existir todo o ano e a não depender só do sol, mar e praia...

Mas por outro lado são injectados milhões em espectáculos de Verão nas 4 semanas em que a região nem consegue respirar de tanta gente que a consome!

Complicado perceber, parece-me…

Há quem diga que faz sentido porque disponibilizando espectáculos de alta qualidade à habitual “clientela” que está no Algarve no Verão se está a investir num turismo nobre e a rebater a ideia que o Algarve não respira cultura.
Estas pessoas vão daqui bronzeadas e com um espectáculo, que não estavam à espera, no bucho.

Humm…Discordo!

Considero que o raciocínio correcto seria outro. E tenho sérias dúvidas sobre o actual modelo…

Pergunto:
- Apresentando o Algarve uma temperatura amena quase todo o ano (poucos meses de frio e chuva), não estariam estas mesmas pessoas (nacionais a poucas horas de carro ou estrangeiros motivados em 1ª instância pelo golfe) dispostas a visitar o Algarve e a sair de sorriso satisfeito perante um programa cultural coeso de qualidade, repartido por semanas ou meses fora da dita época alta?

- Estas mesmas pessoas deixariam de vir ao Algarve no Verão perante a inexistência de estes espectaculos?

- Não estariam estas pessoas, com o devido estimulo, receptivas a conhecer outro Algarve numa outra altura do ano também?

- Não estaríamos a capitalizar muito mais o nome da região ao mostrar que esta tem oferta cultural todo o ano e não apenas o festival da cataplana, o fim de semana das motoretas e meia dúzia de espectáculos sonantes apresentados para Inglês ou Português abastado ver depois de um dia de praia?

A aposta na qualidade faz sentido sem duvida. Mas há muito que percebemos que já nem o Verão gordo chega para alimentar o Algarve o resto do ano.
É inegável o peso do turismo… Mas a Região é muito mais do que uma colónia de férias.

No Algarve vivem pessoas todo o ano e a componente humana tem que contribuir mais para a valorização da região. Porém também merecem ter a oportunidade de beber os investimentos estatais.

O investimento do programa Allgarve (este ano no valor de 6 milhões de euros – verba muito equiparada ao investimento de Faro Capital Nacional da Cultural em 2005…!?!) repartido por todo o ano poderia trazer uma consistência e animação às cidades catapultando o comércio e dando força às muitas associações, grupos, galerias, animadores, agentes culturais que insistem em subsistir na região e aguentar o "barco" o resto do ano...

A cultura permanente (tenho duvidas que salpicos dispersos, por mais qualidade que tenham, possam ter o mesmo fim..) reforça inevitavelmente a identidade colectiva, promove as cidades e região, valoriza as pessoas e contribui, no limite, para a melhoria da qualidade de vida…
Mas como já sei que quem não chora não mama, venham de lá os milhões Sr ministro...
É que apesar de não concordar com a sua politica, os espectaculos são sempre bem vindos e estes têm uma qualidade inegável!

Assim sendo, dia 28 De Julho vou à Marina de Albufeira ver a Sra. Diana Krall. É que tendo eu os impostos em dia, parto do principio que também contribuí para lhe pagar o humilde cachet...
Ah pois é!

quarta-feira, julho 09, 2008

terça-feira, julho 01, 2008

Wouldn´t wanna change a thing...

Morena, não afastes os teus olhos dos meus...
Na noite de Verão em que te voltei a ver, adormeci a idealizar o arco-iris no teu olhar, sonhei com a tua silhueta e acordei a pensar que tinhamos chegado a Strawberry Swing*