sexta-feira, maio 25, 2007

(and i feel fine)


Anda tudo louco! Fdx
…Não me chateiem!
Não me obriguem a entrar em rotinas.
As únicas rotinas que admito são aquelas que me fazem sorrir…
Não me julgues pela aparência, pelo sítio onde vivo, pela gargalhada desmedida que não dou, pelo cachecol que uso…
Já vi esquilos no Central Park mas não troco a Cidade Velha pelo Adasmastor.
Não preciso de lavar a loiça à mão nem de saber cozinhar bacalhau com natas para me sentir independente…
Não me rotules nem te ponhas em bicos de pés…Não olharei para ti com o mesmo brilho.
Tenho paixões banais apesar de exorcizar a banalidade.
1200 kms num dia para ver um amigo ou gritar uma vitória dão me mais sentimento que todos os livros que já li.
Não me obrigues a ser sempre racional…
Não brinques comigo se não souberes lidar com o ironismo e o tom sarcástico…
Sento-me correctamente mas eu casa ando descalço.
Não preciso de fugir para me encontrar nem de dizer que foi especial para o gravar na minha memória…
Prefiro um abraço a quatros beijos****
Não troco um fim de tarde a comer perceves com a ciganada por nada nem ninguém…
Vou ter porque quero. E quero para sorrir ainda mais…E estou pronto para o caminho. Se não estiver, azar!
Não penses a minha vida por mim…
Não me obrigues a pensar no depois de amanhã.
Não digas que me conheces quando nunca te falei da minha ultima viagem nem partilhámos uma garrafa de tinto.
Não me empurres nem me queiras fazer cumprir coisas que não prometi…
Ás vezes digo há-des em vez de hás-de mas isso não te dá o direito de encarnares a Edite Estrela…Não me chateies!
Não aceito falsos moralismos nem experiências de vida fabricadas.
A norma é respeitar as pessoas tudo o resto é o meu passo que o faz… E cada vez com mais determinação;) Saboreando os kms que aí vêem…
Anda tudo louco. Anda tudo a mil e um à hora…Eu estou tranquilo e relaxado mas atento ao momento especial que será a Tua passagem…

…And i feel fine!!

quinta-feira, maio 17, 2007

As tartarugas também voam...

Voltei às noites de cineclube. E ainda bem que voltei…
As noites de 4ªf ganham outra dimensão e interesse.
Agrada-me particularmente a capacidade que o cinema me dá de viajar, de ver a realidade com outros olhos, de me colocar em situações diferentes, apelando aos sentidos e estímulos de forma sempre diferente de história para história, de película para película…
Umas vezes faz me pensar. Outras vezes faz me fugir daqui…
Depois de um bom filme, sinto-me mais vivo!
Desta vez fui às escuras…Poucas referências.
Filme com título apelativo mas com carimbo de filme difícil, seco, duro.

Expectativa…

“As tartarugas também voam” é um filme Iraniano que retrata o dia a dia de um grupo de crianças curdas de uma aldeia/campo de refugiados perdida nas montanhas na fronteira com a Turquia.
São crianças órfãs que foram obrigadas a crescer demasiado rápida. Miúdos sobreviventes que não tiveram tempo de aprender a sonhar.
Muitos deles mutilados pelo regime de Saddam ou pelas armadilhas de guerra que povoam a montanha.
É essencialmente um filme humano, que foge ao dossier político centrando-se de forma genuína e comovente na oscilação entre o sorriso espontâneo e o choro destas crianças marcadas pela crueldade da vida…
O filme consegue momentos de verdadeira poesia…Silêncios, ambientes densos, paisagens imponentes, imagens cruas em tons de cinzentos que reflectem a dureza do terreno. Imagens em que a miséria e a beleza, o vazio e a força de grupo, a desilusão e o acreditar (mesmo que tímido) partilham protagonismo.
Acutilante, incisivo, de um realismo arrepiante são adjectivos que descobri enquanto o filme me envolvia.
No final, e apesar da chegada da tão aguardada “salvação” Americana, não paira no ar a certeza duma esperança convincente…
Talvez uma realidade menos má seja conseguida para aqueles que ainda conseguem sorrir…Mas é difícil pensar num final feliz!

Aconteceu em 2003, depois da vergonhosa cimeira dos Azores (com “z” como apareceu na CNN).
O que terá mudado?

“Quero dedicar este filme a todas as crianças inocentes do mundo – as vítimas politicas de ditadadores e fascistas” – Bahman Ghobadi