quinta-feira, maio 17, 2007

As tartarugas também voam...

Voltei às noites de cineclube. E ainda bem que voltei…
As noites de 4ªf ganham outra dimensão e interesse.
Agrada-me particularmente a capacidade que o cinema me dá de viajar, de ver a realidade com outros olhos, de me colocar em situações diferentes, apelando aos sentidos e estímulos de forma sempre diferente de história para história, de película para película…
Umas vezes faz me pensar. Outras vezes faz me fugir daqui…
Depois de um bom filme, sinto-me mais vivo!
Desta vez fui às escuras…Poucas referências.
Filme com título apelativo mas com carimbo de filme difícil, seco, duro.

Expectativa…

“As tartarugas também voam” é um filme Iraniano que retrata o dia a dia de um grupo de crianças curdas de uma aldeia/campo de refugiados perdida nas montanhas na fronteira com a Turquia.
São crianças órfãs que foram obrigadas a crescer demasiado rápida. Miúdos sobreviventes que não tiveram tempo de aprender a sonhar.
Muitos deles mutilados pelo regime de Saddam ou pelas armadilhas de guerra que povoam a montanha.
É essencialmente um filme humano, que foge ao dossier político centrando-se de forma genuína e comovente na oscilação entre o sorriso espontâneo e o choro destas crianças marcadas pela crueldade da vida…
O filme consegue momentos de verdadeira poesia…Silêncios, ambientes densos, paisagens imponentes, imagens cruas em tons de cinzentos que reflectem a dureza do terreno. Imagens em que a miséria e a beleza, o vazio e a força de grupo, a desilusão e o acreditar (mesmo que tímido) partilham protagonismo.
Acutilante, incisivo, de um realismo arrepiante são adjectivos que descobri enquanto o filme me envolvia.
No final, e apesar da chegada da tão aguardada “salvação” Americana, não paira no ar a certeza duma esperança convincente…
Talvez uma realidade menos má seja conseguida para aqueles que ainda conseguem sorrir…Mas é difícil pensar num final feliz!

Aconteceu em 2003, depois da vergonhosa cimeira dos Azores (com “z” como apareceu na CNN).
O que terá mudado?

“Quero dedicar este filme a todas as crianças inocentes do mundo – as vítimas politicas de ditadadores e fascistas” – Bahman Ghobadi

1 comentário:

poca disse...

pois.. infelizmente para mim, cineclube e teatro não são compatíveis..