Chegámos tarde à estação, perto das 4h30...
O que foi sinónimo de grande dificuldade para encontrar 2 lugares sentados no meio da escuridão e com tanta gente a alimentar a azafama matinal da estação...
Diariamente e de forma alternada, neste trajecto existem comboios de 3ªclasse ou 4ªclasse.
Era dia impar, 4ª classe seria... Siga!
(Como seria o comboio 3ª classe? As casas de banho teriam porta? os bancos seriam mais confortáveis do que aqueles de madeira? Haveria luz? Pouco interessava saber...)
(Como seria o comboio 3ª classe? As casas de banho teriam porta? os bancos seriam mais confortáveis do que aqueles de madeira? Haveria luz? Pouco interessava saber...)
5h da manhã e iniciávamos a viagem de 10h rumo à poeirenta povoação de Cuamba, situada na província de Niassa.
Carinhosamente (ou não...) Niassa é apelidada pelos Moçambicanos como Fim do Mundo. :)
Esta "classificação" está, muito provavelmente, relacionada com o facto de ser uma província interior, remota e pouco populosa, meio selvagem e longe dos centros de decisão governamental.
Seguimos pois...
As 1ªs horas foram mais desconfortáveis porque a carruagem estava muito lotada de pessoas e todo o tipo de bagagens penduradas em todas as partes.
Mas o desconforto foi largamente suplantado/compensado pelo pitoresco da situação, pela descoberta do trajecto e pela magia da experiência.
Perdi a conta às dezenas de vezes em que o comboio parou....
Cada vez que parava um mundo novo nascia dentro e fora do comboio e um enorme mercado ao ar livre nascia num instante, rico em produtos, preços e trocas comerciais. Havia de tudo a diferentes preços....
A maioria das pessoas compram várias coisas durante este tipo de viagens. Sacos e saquinhos, muitos e diferentes...
Quer seja para consumo imediato mas essencialmente produtos para levarem para o destino final.
Na nossa carruagem até tartarugas pequenas foram compradas....
Uma das vantagens de termos feito escala (de bus e chapa, entenda-se) no dia anterior em Nampula foi a possibilidade de irmos a um supermercado bem apetrechado (preços muito semelhantes aos de Portugal) e prepararmos umas faustosas sandes de queijo cebola e tomate para a viagem de hoje.
Caso contrário teriam sido 10 horas só a comer mangas e bananas. Sumarentas e muito deliciosas por sinal mas insuficientes para pseudo Joões Garcias como nós...
A paisagem pouco se alterou na 2ª parte da viagem, a carruagem ficou menos cheio e deu para dormitar umas horas.
Nas ultimas horas de viagem começamos a perceber que entrávamos no "fim do mundo", destino Cuamba....
O castanho das estradas de terra era agora também marcado pelo verde no horizonte, montanhas assimétricas e um ceu enorme demais para os olhos.
Estávamos a entrar no verde, antes de entrarmos de novo no castanho forte de Cuamba...
Entre o diferente mundo colorido dentro daquele carruagem e as paisagens lá fora, passaram-se 10 horas de viagem....
Chegávamos a Cuamba.
Íamos ser bem mimados;)
Siga!!