sábado, dezembro 29, 2007

Out of Control

Desde que fui ver o filme Control, sobre a vida de permanente e desconcertante depressão de Ian Curtis, que esta musica passa em repeat na minha cabeça…
Fiquei agarrado ao filme, às músicas e letras…Ás imagens e à atmosfera envolvente que se vai embrenhando na sala…
Saí meio depressivo do cinema mas mais completo e verdadeiro, duma forma que não consigo valorar.

Há acções que nos deixam sem capacidade de análise sintética, pura e simplesmente porque há coisas que não se explicam, vivem-se…
Gosto de sair dum filme com esse turbilhão de sentimentos…

No fundo Ian Crutis exponencia, no limite, sensações de dúvida, entrega desmedida, medo de falhar, Paixão Versus Amor (onde começa uma e acaba o outro? Teremos que perceber e dilacerar diariamente o significado das duas palavras para conseguirmos ser verdadeiros e felizes de forma completa?!? Teremos que optar?)…
Exponencia a vontade de viver o momento fugindo à banalidade formatada.
A dificuldade de saber alinhar e lidar com as constantes opções que se têm que fazer no percurso. E com as consequências que daí advêm…
São sentimentos tão dignos como outros quaisquer…
O corpo não conseguiu acompanhar a autoestrada de sentimentos que o levavam ao limite… O corpo acabou com o percurso...
Viveu na fronteira e acabou por ceder, suicidando-se com 23 anos.

Ficaram as letras, as fotografias, as músicas e o relato da vida extrema que levou.
Os icons (ou o que quer que seja que isso signifique) nascem assim.
Já todos nos sentimos um pouco como ele, imagino…. A diferença é que ele arriscou, conduzido por uma enorme depressão que não o deixava abandonar o preto e branco.
Dentro do quadro de limites que construiu foi verdadeiro e fiel à sua “loucura” de não conseguir viver a Vida. Uma vida normal como todos queremos... Como ele, decerto, também queria!
E imortalizou uma atmosfera negra que não termina na felicidade, nem pouco mais ao menos, mas que, ainda assim, assenta num caminho que subverte a lógica e segue o instinto de tentar ser realmente feliz… Á sua maneira…
Afinal não é o que todos tentamos fazer diariamente?

sexta-feira, dezembro 21, 2007

1200 Kms

"I once fell in love with you
Just because the sky turned from gray
Into blue
It was a good friday
The streets were open and empty
No more passion play On st. Nicholas avenue
I believe in st. Nicholas
Its a different type of Santa Clause"
Cocorosie - Good Friday

P.S. - Tem mesmo que ser não é? ...
Bem, não vou alongar o cliché da época...Vai ser curto mas sincero:
Bom Natal!
Espero que 2008 seja um ano de muitos e bons sorrisos para todos(as) ;)

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Bom fim de semana!!

Façamos (Vamos Amar)
Chico Buarque

Os cidadãos no Japão fazem
Lá na China um bilhão fazem
Façamos vamos amar

Os espanhóis, os lapões fazem
Lituanos e letões fazem
Façamos vamos amar

Os alemães em Berlim fazem
E também lá em bom
Em Bombaim fazem
Os hindus acham bom
Nisseis, níqueis e sansseis fazem
Lá em São Francisco muitos gays fazem
Façamos vamos amar

Os rouxinóis nos saraus fazem
Picantes pica-paus fazem
Façamos vamos amar

Uirapurus no Pará fazem
Tico-ticos no fubá fazem
Façamos vamos amar

Chinfrins, galinhas afim fazem
E jamais dizem não
Corujas sim fazem, sábias como elas são
Muitos perus todos nus fazem
Gaviões, pavões e urubus fazem
Façamos vamos amar

Dourados no Solimões fazem
Camarões em Camarões fazem
Façamos vamos amar

Piranhas só por fazer fazem
Namorados por prazer fazem
Façamos vamos amar

Peixes eléctricos bem fazem
Entre beijos e choques
Cações também fazem
Sem falar nos hadoques
Salmões no sal em geral fazem
Bacalhaus no mar em
Portugal fazem
Façamos vamos amar

Libélulas em bambus fazem
Centopéias sem tabus fazem
Façamos vamos amar

Os louva-deuses com fé fazem
Dizem que bichos de pé fazem
Façamos vamos amar

As taturanas também fazem
com um ardor incomum
Grilos meu bem fazem
E sem grilo nenhum
Com seus ferrões os zangões fazem
Pulgas em calcinhas e calções fazem
Façamos vamos amar

Tamanduás e tatus fazem
Corajosos cangurus fazem
Façamos vamos amar

Coelhos só e tão só fazem
Macaquinhos no cipó fazem
Façamos vamos amar

Gatinhas com seus gatões fazem
Tantos gritos de ais
Os garanhões fazem
Esses fazem demais
Leões ao léu, sob o céu, fazem
Ursos lambuzando-se no mel fazem
Façamos vamos amar
Façamos vamos amar

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Sábado, 1 Dezembro

Dilemas, desabafos, problemas da vida a dois…
Coisas que acontecem, sentimentos que evoluem....
Altos e baixos de um percurso que se quer percorrido numa interminável autoestrada via verde sem limite de velocidade rumo à estação alegria...Rumo à felicidade!
Dias quentes de arco iris, domingos frios de céu cinzento.
Há que viver!!
Deixo aqui na 1ª pessoa destas 3ª pessoas que formam um casal a 2 , os seus relatos (os respectivos diários foram os veiculos) sinceros...Os nomes são fictícios para defender a identidade, não revelada como se quer, dos intervenientes. O resto é real!

Diário da Maria de Fátima
Ele ficou esquisito a partir de sábado à noite.
Nesse fim-de-semana pediu-me para jantarmos mais tarde, porque queria encontrar-se ao fim do dia com uns amigos…
Combinámos encontramo-nos num bar para beber um copo antes de decidirmos o restaurante. Andei a fazer compras a tarde toda com umas amigas do trabalho e pensei que o seu comportamento se devesse ao meu atraso de vinte minutos. Mas não. Nem sequer fez qualquer comentário, como lhe era habitual.
A conversa e o sítio não estavam muito animados, por isso propus irmos a um lugar calmo e agradável para podermos conversar mais tranquilamente.
Fomos a um restaurante sofisticado e elegante. Deixou-me escolher impávido...Demasiado, pensei...
A comida estava excelente e o vinho tinto de reserva era bem encorpado mas aveludado e com um bom travo final frutado. Uma boa pomada como diria o avôzinho!
Á sobremesa partilhámos um queque de chocolate recheado de chocolate amargo, acompanhado por uma bola de gelado de limão…Estava divinal mas ele só tirou uma colher…
Pediu um café e um copo de agua com sais para a azia…
Estava pálido embora não parecesse doente!
Quando veio a conta, nem refilou e continuava a portar-se de forma bastante estranha.
Como se estivesse ausente.
Não sei...
Tentei mudar o rumo da conversa! Tentei que se animasse, mas em vão...
Comecei a pensar se seria culpa minha...
Quando lhe perguntei, disse apenas que não tinha nada a ver comigo.
Mas não me deixou convencida!
No caminho para casa, já no carro, disse-lhe que o amava.
Ele limitou-se a passar o braço por cima dos meus ombros, de forma paternal e sem me contestar.
Fiquei na expectativa dum carinho mais caloroso e duma frase que retribuísse o sentimento…Nada!
Simplesmente, esperou que o sinal abrisse e arrancou com os olhos no vazio da Avenida…
Não disse nada!
Começo a ficar cada vez mais preocupada.
Chegámos por fim a casa e, nesse preciso momento, pensei que ele me queria deixar...
Tentei fazer com que falasse sobre o assunto mas ele ligou a televisão e ficou a olhá-la com um ar distante, como que a fazer-me ver que tudo tinha terminado entre nós.
O silêncio entre os anuncios da worten parecia interminável... O clima tornou-se sufocante!
Desisti de tentar perceber...
Deixei de fazer conjuturas para a estranha realidade que tinha naquela noite de sabado invadido a nossa relação.
Lancei um ultimo grande suspiro e disse-lhe que ia para a cama...
Mais ou menos dez minutos depois, quando acabou o programa especial desporto na Sic noticias, ele entrou no quarto e deitou-se a meu lado.
Eu só queria o meu marido de volta!Com a sua vivacidade habitual...
Para enorme surpresa minha, correspondeu aos meus beijos e carícias e acabámos por fazer "o" amor.
Não foi tão intenso como habitualmente mas ele pareceu gostar.
Pedi que pensasse que tinha sido novamente aumentado pelo patrão...Mas nada! Hoje não me deu palmadas marotas como naquele mês em que foi promovido...
Terminou o calor, e continuou com aquele ar distante que tanto me afligia.
Depois, ainda deitada na cama, resolvi que queria enfrentar a situação, sem mais rodeios nem desculpas, e falar com ele o quanto antes.
Mas ele já tinha adormecido!!
Senti um vazio enorme…Comecei a chorar e continuei a fazê-lo pela noite dentro…
Perdi a noção do tempo. Adormeci quase de manhã…
Estou desesperada, já nem sei o que fazer! (perdi o nº de telefone da Maya, e não tenho o 24horas em casa)
Estou praticamente convencida que os seus pensamentos estão com outra.
Neste sábado, a minha vida ficou um autêntico desastre!

Diário do Zé Manel
Cara%&#* como é possível o meu Benfica levar banho de bola do FCP em pleno estádio da Luz?!?....Fdx!!!
Amanhã vou devolver o Kit Repsol e começar a ver só o futsal na Sic e a Vanessa Fernandes...
Bem, ao menos a minha mulher não estava com dor de cabeça, nem com azia...

segunda-feira, dezembro 10, 2007

sexta-feira, dezembro 07, 2007

" O Rio parece uma mulata de Di Cavalcanti, uma linda mulata lunar deitada nua, recostada nos braços, toda rodeada de coxins verdes, sem recato no corpo mas cheia de pudor nos olhos - que, no entanto, pedem. É a minha cidade bem-amada! " - Vinicius de Moraes

Vista do bondinho, a caminho do Pão de Açucar

domingo, dezembro 02, 2007

Confirmo. Maravilhosa...

Voltei…
Bem, há uma semana que já voltei (ou ainda tento voltar, nem sei...) à realidade.
A verdade é que foi uma viagem com muita cor :)
A palete toda não chegou!
Ui…Saudades!

Faro - Lx – Rio Jan. – Búzios – Rio Jan. – Buenos Aires – Uruguay – Buenos Aires – Rio Janeiro – Lx - Faro

Tenho muita aventura para contar, muitas fotos para partilhar… (Fotos com o carimbo do mestre a. . Um excelente ciganote/gipsy/moleque, companheiro de milhas e sorrisos no estrangeiro)
Durante a semana que passou, a ressaca da viagem foi esmagadora.
Senti-me impotente para abandonar o estado de embriaguez de sensações que ainda me alimentava.
Havia que digerir os kms que me coloriram. Ainda o estou a fazer…
Se depender de mim, não quero abandonar este estado!
Não quero desmistificar a viagem e quase que sinto que o que quer que aqui escreva nunca será suficiente para elucidar os bons momentos que passei…
O diferente fascina! A América Latina conquistou-me...
Só sei que quero voltar a alguns sítios onde estive… E quero rever as pessoas que tão bem me receberam…
Quero me voltar a apaixonar pela Cidade Maravilhosa, onde me senti estupidamente bem!
Senti o sorriso carioca, o tronco nu no calçadão, o perfume do suco de abacaxi com hortelã, o suor da dança pela noite dentro, a textura da farofa com ovo, as paisagens esmagadoras da cidade
que aterrou na selva montanhosa à beira mar plantada…
É claro que as assimetrias sociais existem e as favelas relembram-nos disso continuamente… Juntamente com o Cristo Redentor, são as duas únicas coisas que nos olham de qualquer ponto da cidade. Mas é difícil não ser contagiado pela alegria carioca…
Fiquei com a convicção romântica que vivem como se não houvesse amanha…
No bem e no mal é uma cidade de intensidades e excessos emotivos!
Longe do calculismo europeu...
Ficou um sentimento de ligação difícil de explicar!
O que poderei fazer senão voltar?!?


Foto tirada no bairro de Sta Teresa (Cristo no topo esquerdo, favela iluminada à direita), numa noite de festa épica que começou com cerveja skoll no patio da casa de amigos (de onde esta foto foi tirada), passou pelo ensaio de samba na favela Mangueira e acabou de manhã num baile funk debaixo dum viaduto :D

P.S. - À medida que a digestão for feita, vou colocar mais fotos e frases soltas com as sensações que me envadiram durante a viagem...