Estou finalmente na fase final de recolha de ideias para atacar a remodelação do meu apartamento de Faro.
Estou contente :)
Estou mesmo!
Mas pensei que fosse fácil...
É tão mais fácil quando não é a nossa casa.
Já perdi a conta às remodelações que fiz. Ás ideias e propostas que formulei para espaços que encarei como meus (mesmo que por breves dias ou semanas).
Já perdi a conta aos esboços que tracei para lavar a cara a apartamentos e vivendas.
Mas aqui é diferente.A casa onde nasci, cresci e vivi até ir para Lisboa.
Tenho respeito a todos os quadros, a todos os moveis, cadeiras, livros,...
É como mexer no passado, sendo que este passado não me pertence só a mim e para ser honesto o meu papel na decoração da casa cingiu-se ao meu quarto e ao corredor onde jogava futebol com o meu irmão.
Nesse corredor não tenho grandes problemas a resolver. Está vazio (as 2 portas eram transformadas em balizas... Enormes pois claro. Agora mínimas. Típico, acho eu... Da infância até aqui, tudo perde dimensão e escala).
Mas no resto da casa estou aos poucos a substituir, tirar, mudar de sitio pequenas coisas, outrora grandes (lá está a escala. Ou falta dela...)...
Estou cheio de ideias, pouco dinheiro, cheio de vontade de começar a partir paredes, pouco tempo para acompanhar a "coisa" dia e noite como faço no trabalho a que tento não chamar emprego.
Há que começar, o resto logo se vê.
Para vacilar e hesitar já basta o governo. Siga!
Nos entretantos, para digerir o que aí vem, vou recuperando pequenos hábitos perdidos que me dão o equilíbrio que às vezes o dia me tira...
Longos passeios nocturnos com o Paco e/ou pedaladas por aí, sempre com bom som (o ipod é meu: Pois tá claro que a musica é boa meus amigos! Brincamos ou quê?!?).
Voltei a gostar de Faro, agora de forma diferente... Talvez o sentimento fosse possível noutra cidade mas aqui conheço casa esquina melhor do que conheço alguns familiares.
Retomei também a rotina de colar num fajuto caderno preto A5 de escola (eu sei que um moleskine tem mais pinta, mais cenário e coiso e tal, mas é carote para um fim que se quer tão terra a terra quanto possível...) todos os bilhetes de concertos, cinema, jogos, entradas de tudo onde vou.
Ás vezes com comentário anexo, se algo o justifica...
Fico ainda mais contente quando "algo o justifica" :)
O bom cinema europeu e afins também não me tem escapado. Em casa ou no cineclube, acompanhado ou sozinho, estou no trilho...
A verdade é que nunca me fez confusão ir ao cinema sozinho.
Confesso que nunca tive problemas em fazê-lo e às vezes até prefiro. Vou quando quero, ver o que quero e consigo digerir o filme como quero...
Ir ao cinema sozinho, estranhamente, faz confusão a muito boa gente.
É recorrente (cada vez menos, felizmente para mim... E para "eles" também, penso eu...) perguntarem-me se estou bem... (?!?)
Dizem-me que ir ao cinema sozinho não é normal (desde quando a normalidade é sinónimo de bem estar? Quem é que define o que é normal?).
Dizem-me que é um acto profundamente solitário.
Enfim... Nem respondo.
Solto o meu sorriso mais genuíno e penso para mim que solitário e "anormal" é deixar que uma semana mais fria seja desculpa para ficar no sofá a ver a anca parideira da companheira de Tv do Goucha...
Fajuto - Que é de fraca qualidade, que foi falsificado, de origem duvidosa.
Era uma palavra muito usada por uma namorada que tive... Ensinou-me algumas coisas:) Entre as quais esta palavra...