O escritor António Alçada Baptista faleceu este domingo aos 81 anos.
No dia seguinte a este acontecimento que me deixou tremendamente triste e vazio, as principais capas dos jornais diários tinham em manchete gorda a goleada do Benfica na Madeira.
Enfim! É o País que temos...
Aos 19 anos li, talvez o seu livro de maior sucesso, O Riso de Deus.
Fiquei de imediato agarrado à forma como deambulava pelos temas da religião/Deus, Amor, Intimidade, Sexo, Morte, Existência, Caminho... Sempre com uma verdade e ternura muito própria e genuina.
A sua escrita era diferente...O Alçada conversava com o leitor.
Depois, em modo continuo e ainda embriagado pela descoberta da sua escrita existencial e muito humana, li o livro Tecido de Outono (o seu livro que mais me tocou).
Á medida que me ía entrelaçando no livro senti uma empatia tão grande com aquelas historias e vivências que estive a um pequeno passo de lhe escrever uma carta pessoal onde lhe daria os parabéns pelo talento e sensibilidade e descreveria o enorme significado que o livro teve para mim...
Seguiu-se a leitura dos livros Tia Suzana meu Amor, depois Catarina ou o Sabor da Maçã, Os Nós e os Laços, Meu Amor, A Pesca à Linha, e mais dois ou três livros que agora não recordo o nome...
Tive muita pena de não ter tido a oportunidade de o conhecer pessoal e debater com ele algumas questões que considero fundamentais à existência, à verdadeira existência humana dos afectos e da vivência genuina...
Vertentes que ele dominava tão bem na sua escrita autobiográfica.
Este foi um escritor que não tinha vergonha dos afectos e que apesar de ter tido uma educação religiosa tinha um espirito muito esclarecido e livre onde só cabia o caminho para uma vida melhor baseada na verdade individual lado a lado com o Amor.
Morre o Homem, fica a Obra... E essa recordarei certamente nos próximos tempos e voltarei passados outros e outros!
5 comentários:
só li o riso de deus e gostei muito.
depois de ler o que escreveste, fiquei com vontade de ler mais!
sem dúvida que é o país do futebol e não há critério nenhum a não ser o lucro.. Concordo plenamente meu velho.
Fui fotografar o funeral e não foi nada agradável andar ali no meio das pessoas a sofrer pela sua perda, a entrar na intimidade delas..
Aquele abraço
"Nada seria sem o meu passado mas nada seria também se me tivesse contentado com ele"
Uma frase interessante desse "teu" amigo.
Um abraço . teu primo
Pois eh Pedro...
Gosto disto pah! E conhecer a tua escrita assim eh algo que me estah a cativar... talvez por neste momento nao estar a ler livro nenhum... o que me leva ah razao deste comentario... gostaria de conhecer a escrita deste senhor de quem tao bem falas... se me pudesses emprestar um livro que aches que se pode adequar a mim... seria algo que valorizo, jah que eu sou da teoria que os livros se devem passar de mao em mao, com notas individuais, no entanto respeito se preferires que nao o faca...
Abraco
Miguel
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