segunda-feira, outubro 01, 2012

Bonito...


"O amor em todo o coração e em toda a parte se procura. Já anima a possibilidade de ser encontrado e a incerteza de não passar o resto da vida sem poder amar e sem poder ser amado. O que custa é acreditar naquilo que se tem, quando todos os dias, ao longo de longos anos, se consegue encontrar esse amor que se procura, na pessoa que se ama e no lugar e no tempo — aqui, agora, daqui a bocadinho — em que mais gostamos de encontrá-lo.
Hoje a Maria João e eu fazemos doze anos de casados e a única esperança que eu tinha— que se tornasse mais fácil acreditar na sorte que me coube na pessoa que ela é e na cegueira de olhar uma segunda vez para mim — acabou por ser mentira.
Há um castigo para tudo: até para a maior felicidade. É o medo não só que tudo acabe mas que se descubra, de alguma maneira, que nunca tenha começado. Por exemplo, se ela se apaixonasse por outra pessoa.
“Não vai durar, não pode durar, é bom de mais para durar”: é isto que repito no êxtase da minha alegria roubada ao sol, como se o nosso amor e a nossa vida um com o outro fossem um prazer retumbante com um fim à vista, naturalmente aceite quando chega, como comer um gelado.
Mas dura e, quanto mais tempo dura, mais medo tenho que esteja mais perto de acabar. Não há habituação possível a esta felicidade. Não há conforto nenhum na passagem dos anos por este amor.
Cada vez mais, torna-se a única coisa que peço a Deus e a ela: Maria João, por favor, não me deixes nunca."
Miguel Esteves Cardoso, Jornal Público (domingo 30 Set. 2012)

Vem

Nunca tive tão pouco dinheiro como neste momento, nem tantas ideias e projectos na cabeça...
Para grande pena mim, não existe qualquer relação entre as duas realidades. 
Assim fosse e a falta de liquidez traria,ao menos, algo de positivo...
Bem pelo contrário... 
As ideias e os projectos teriam obviamente outra força com a alavanca do cifrão.

Tento puxar por mim, começando pelo simples...
 Não pode haver desculpas...
Sempre no pretexto de fugir à rotina e da inércia, fitando a banalidade.
A banalidade deprime-me...
A passagem dos dias sem objectivos enche-me de vazio...

Setembro foi mês de voltar à cozinha. Com amor :)

Outubro será mês de iniciar alterações em casa...
Partir ali, mudar de sitio, reciclar isto, pintar aquilo, comprar aquela peça,...

Novembro começar a pensar na próxima "grande" (pensar em grande impõe-se, mesmo quando não há dinheiro) viagem. 
Desejar visitar sítios com outro "batimento".
 Locais com outra densidade (a quantidade está fora desta equação...) de pessoas, cheiros, sensações, sabores.
Em busca de paisagens (cada vez sou mais de paisagens) que te apertem de tão grandiosas e belas. 
Sair da área de conforto impõe-se de tempos a tempos. Imponho-me...
Faz-me crescer e voltar mais forte à casa de partida.
Os sítios que exigem mais de nós, são para mim os mais fascinantes. 
 Mesmo que o corpo não o entenda como férias.

Estou feliz. 

E quero prolongar e levar o sentimento para outros níveis.

Vens?


terça-feira, setembro 04, 2012

Qualidade

http://www.monocle.com/

segunda-feira, junho 25, 2012

Mergulho,bom...

Agarrado a este som, a este álbum...
Agarrado à perfeição que me invadiu durante o concerto...
Há quem diga que é um álbum triste...
Eu vejo-o e oiço-o como um álbum de esperança e de calma...
A calma, bem cantada, transmite-me esperança e bons sentimentos...
Semelhante a um bom mergulho de mar...




Não vem escrito naqueles pacotes de açúcar do café que não tomo...
Mas sei que um dia o vou cantar...
Morangos:

"Minha mina
Minha amiga
Minha namorada
Minha gata
Minha sina
Do meu condomínio
Minha musa
Minha vida
Minha monalisa
Minha vênus
Minha deusa
Quero seu fascínio"
Seu Jorge

sexta-feira, junho 15, 2012

Learning to get rid of all that stuff...


Há pouco tempo vi um concerto desta jovem Sra. 
Chama-se Joan Wasser, mais conhecida como Joan as police woman.
Esta jovem Sra deu um concerto medíocre. 
Tem uma grande voz mas a solo não consegue/ não conseguiu esconder as limitações no piano (já para não falar da guitarra...ui...3 acordes, não mais) e o repertório, na minha opinião, era demasiado monocórdico e triste para uma actuação sem banda...
Gosto do maior exito Magic.
Gosto do swing e da letra e gosto desta pequena entrevista em que Joan fala sobre a musica... 
E divaga...




Compreendo-te Joan...

Todos os anos, no inicio de cada ano, estabeleço objectivos para o respectivo ano...
Isto voa! 
Demasiado rápido... 
Preciso destes objectivos para me centrar e não perder o norte do que considero verdadeiramente importante... 
E se por um lado me tento agarrar,com tudo, ao que me faz e poderá fazer feliz, por outro lado tenho que lutar contra o lixo e o acessório que encontro no caminho...
Se por um lado julgo saber o que quero, por outro a passagem do tempo não me deixa indiferente... 
O futuro é hoje! 
E ainda tenho tanto para fazer...
Estou no trilho... 
Nos entretantos, arrumo ideias, revejo objectivos e tento-me rodear de quem partilha os meus valores e me faz sentir bem...
Tudo o resto é passageiro.
Tudo o resto é ruído...

segunda-feira, maio 21, 2012

As Horas

Prologue
"I’m many-sided.
I’m overworked,
and idle too.
I have a goal
and yet I’m aimless.
I don’t, all of me, fit in;
I’m awkward,
shy and rude,
nasty and good-natured.
I love it,
when one thing follows another
and so much of everything is mixed in me:
from west to east,
from envy to delight.
I know, you’ll ask:
'What about the overall goal? '
There’s tremendous value in this all!
I’m indispensable to you!
I’m heaped as high
as a truck with fresh-mown hay!
I fly through voices,
through branches,
light and chirping,
and butterflies flutter in my eyes,
and hay pushes out of cracks.
I greet all movement! Ardor,
and eagerness, triumphant eagerness!
Frontiers are in my way.
It is embarrassing
for me not to know Buenos Aires and New York.
I want to walk at will
through London,
and talk with everyone,
even in broken English.
I want to ride
through Paris in the morning,
hanging on to a bus like a boy.
I want art to be
as diverse as myself;
and what if art be my torment
and harass me
on every side,
I am already by art besieged.
I’ve seen myself in every everything:
I feel kin to Yesenin
and Walt Whitman,
to Mussorgsky grasping the whole stage,
and Gauguin’s pure virgin line.
I like
to use my skates in winter,
and, scribbling with a pen,
spend sleepless nights.
I like
to defy an enemy to his face,
and bear a woman across a stream.
I bite into books, and carry firewood,
pine,
seek something vague,
and in the August heat I love to crunch
cool scarlet slices of watermelon.
I sing and drink,
giving no thought to death;
with arms outspread
I fall upon the grass,
and if, in this wide world, I come to die,
then it’s certain to be
from sheer joy that I live. "

Yevgeny Yevtushenko, 1957


Obrigado Carol*

quinta-feira, maio 17, 2012

Intensidade (em capsulas...)

Não bebo café. Não ganhei esse gosto e muito menos o hábito. 
Apesar de gostar do cheiro e de um bom gelado de café...
 Facilmente se percebe que não sou a melhor pessoa para repor o stock de capsulas nespresso na casa dos pais. Ainda mais sem qualquer indicação do que comprar e estando estes como os telemóveis desligados (um verdadeiro luxo hoje em dia... Admiro-os também por isso. Mas menos nesta manhã).

Lá entrei na dita loja dos anúncios do Clonney com a dita missão, como quem vai ao mercado comprar frutos secos (melhores e mais baratos que no supermercado. Tirando o pingo doce no dia do trabalhador, claro). 
É aquilo, não haverá muita ciência. Pensei eu.
Dão me uma senha. (?)
Ok... 
Numero 200. 
Até gosto do numero. 
Numero redondo. 
A minha satisfação dura 5 segundos. 
O tempo até me aperceber (sol alto lá fora e cartas fortes para o resto do dia...)  que estão 26 pessoas à minha frente... 
Muita giro!
Tá bonito...
Deu para ouvir 3/4 do novo album dos Sigur Rós no velhinho ipod. (coisa boa demais para misturar com posts banais como este.)
Quando vou escolher o café (no fundo aquela merda é só café... Só!) começa a aventura. 
Vamos pela intensidade de sabor... Será mais fácil, diz-me a rapariga, jovem, sorriso bonito, bem articulada no discurso e treinada na função. 
Nada de fitas... Siga!
Para ser mais fácil, levo 40 capsulas do sabor para o menos intenso e 40 capsulas para o mais forte...
Tá resolvido.

Intensidade...
Se tudo se resumisse a isso e talvez (tudo) fosse mais fácil.. 
Ah e tal, hoje estou em modo ristretto e tu, as meus olhos, estás em modo volluto
Hummm, é melhor combinarmos noutro dia então... 
Isto deveria ser, no limite, o significado de dizer: Combinamos um café? 
Sempre fui gajo de intensidade (não expansiva mas existente...), mesmo que o acontecimento tenha a brevidade de um café...

No fim, a eficiente e prestável funcionária ofereceu me um café (fazem no a todos os clientes, creio). Quando lhe agradeci, dizendo que não bebia café, riu-se (de forma natural mas mantendo por detrás a postura eficiente e prestável de todo o atendimento). 
Acredito que foi um riso irónico. Quase que pensando que eu viveria melhor com o factor intensidade se bebesse café...

terça-feira, maio 01, 2012

Manhattan





Dia do trabalhador com chuva e trabalho... Muita bom!
Salazar dizia que o trabalho enobrece... Hoje tenho sangue azul (azul escuro...).
Mas é impossível não me sentir bem... Acabei o dia com o filme Manhattan. 
Beleza! (com sotaque carioca)
Já me tinha esquecido como o sacana do W.Allen é (era...) genial.
É por este filme, que vi todos os outros dele...
Claro que, à semelhança da grande maioria dos "fãs" dele (imagino eu...), não me agradam totalmente os mais recentes (praí desde o Anything else, talvez...).
 Não que não sejam filmes agradaveis, filmes que devem ser vistos face à mediocridade generalizada,  mas falta espessura aos dialogos, leveza e naturalizada mesmo quando se toca na ferida, falta a ironia que faz rir e reflectir, faltam os gags do Woody Allen, a personagem neurótica e todas as situações que ela arrasta... A essência muitas vezes está lá mas já sem aquele força...
Sempre achei que casar com a filha adoptiva lhe traria efeitos secundários.... :)
Soon-Yi, se faz favor, volta a ceder o lugar à tua mãe Mia Farrow... Obrigado!

segunda-feira, abril 30, 2012

Indie, take 1


                                                                         


                                                             
Apostas feitas... Apostas ganhas.

Inni é o documentário sobre a digressão 2008 dos Sigur Rós. Digressão que vi no campo pequeno e me marcou...
 Já usei a palavra mágico neste blog demasiadas vezes... :) Mas este concerto foi de facto mágico.
Ao contrário do documentário Heima, centrado nas paisagens únicas da Islândia (irei um dia... sei que sim) e na comunhão perfeita com as melodias dos Sigur Rós, Inni remete única e exclusivamente para o grupo e para a sua musica ao vivo (o documentário é o resultado de duas noites de concerto no Alexandra Place, Londres). 
Fotografia excelente, sóbria mas minuciosa nos pormenores... Lindo filme! 
Recomendo bastante para quem gosta da musica deles e tem saudades de todo o ambiente musical e cénico de um concerto dos Sigur Rós.

Wild Thing é um puro documentário rock. Não pretende ser mais nem menos que isso...
Retrata, pelos olhos do francês  Jérôme De Missolz (nunca vi nada deste gajo...), o andamento da cena rock desde os anos 60 até Rage Against the Machine e Kurt Kobain.
Está tudo lá... Parece uma enciclopédia musical, com capítulos e letras gordos para os icons "obrigatórios".
Elvis, Iggy Pop, Stones, Sid Vicious, Jim Morrison, The Who, Beatles, Jimmi Hendrix, Bob Dylan, Clash, Ian Curtis, Jeff Buckley, and so on....  
Muita informação preciosa (obrigatório para quem gosta do rock), excelente para um sábado de ressaca :)

"A mim sempre me afligiu muito ver cinema. 
Morri mil mortes a ver certos filmes e quero continuar a morrer sem ser obrigado a ressuscitar. 
E o mesmo serve para ver pintura, ouvir musica, ler. 
Com mais talento ou mais ou menos cinefilia, parecemos uns tontos a tentar escapar desse velho, irreparável argumento."

Pedro Costa (ípsilon 27 Abril 2012)

quinta-feira, abril 26, 2012

domingo, abril 22, 2012

Giboiar cultural

Depois de uma noite bem estupidificante de muito álcool, diálogos estranhos e palhaçadas  reconfortantes para o ego infantil, sinto quase sempre necessidade de limpar o corpo e enriquecer a alma...
Neste domingo aproveitei a companhia da ressaca para giboiar no sofá.
Vi 2 documentários realizados por um Algarvio.
"O Labirinto do atum" e "Vizinhos, Turquia outro lado da Europa":





E dormi aquela sesta valente, como Deus quer e o diabo deixa, ao som de um dos meus albuns favoritos dos Mogwai. Bem minimal e calmo como o sono deve ser...
Excelente para dormir uma sesta no alfa a caminho de Lx e no meu sofá com almofada XL.



terça-feira, abril 17, 2012

domingo, abril 15, 2012

Mergulho

De tempos a tempos volto a esta melodia...
A musica influência o meu estado de espirito. Como acontece com toda a gente, suponho...
Influência-me muito. Demasiado.
Esta é daquelas que me deixa sem palavras (até porque o dialecto é "especial")...
Sinto-me muito bem (tipo aquela rapariga do anuncio da evax mas ainda melhor), tranquilo, autêntico...
Melhor pessoa... (ok, talvez esteja a exagerar. Mas sinto-o)
Como se o mergulho no mais bonito dos mares pudesse durar por horas. Sem qualquer interferência...




Wise Celine...

quinta-feira, abril 12, 2012

Navegações

2 blogues que estou a seguir...

Arquitectura, sustentabilidade, etc e tal...
http://www.casadavizinha.eu/

Musica, cinema, imagem, etc e tal...
http://sound--vision.blogspot.pt/

Interessantes...

domingo, abril 01, 2012

É na Terra, não é na Lua

Esta semana estreou o ultimo filme/documentário de Gonçalo Tocha - "É na Terra, não é na Lua".
Ainda não o vi mas será para breve.
O documentário é inteiramente filmado no Corvo, a ilha mais ocidental e pequena dos Açores. Não será exagero dizer que é a ilha mais isolada da Europa.
Neste longa metragem, a ilha é por si só o inicio, o meio e o fim...
A revista Atual do Expresso de hoje tem uma pequena entrevista com o realizador... 
Retive esta resposta:

"Numa ilha, a noção de tempo é particular. Como observas isso na especificidade do espaço que filmaste? É ainda mais intenso?

 - É, sem duvida. Tentei não olhar para essa particularidade, já está muito falada. 
Mas, tendo lá vivido e depois saído, vejo que esse tempo a que chamaria de espera é ainda mais forte. Um tempo de disponibilidade para a espera. As pessoas não estão propriamente à espera... Mas têm como que uma capacidade de parar a acção que em Lisboa, por exemplo, deixámos de ter. 
Esquecemos a capacidade que temos de congelar o tempo. Praticar simplesmente o olhar. Nem olhar o horizonte, mas "parar" o tempo e ficar a olhar, o que for. Param de trabalhar para contemplar. A fazer nada, a olhar para nada, o usufruto da capacidade de quase congelar o tempo, descansar sobre ele. Talvez também por isso goste tanto de filmar nos Açores. "

Revi-me nestas linhas... 
Nas duas estadias nos Açores, senti uma calma enorme... Quase que uma viagem interior muito simples mas muito reconfortante para a alma. 
É um sitio mágico, sem qualquer duvida.
Apaixonei-me em especial por S. Jorge e Flores...
Na ultima vez fiquei a poucos metros da ilha do Corvo e ironia do destino, no dia de festa da ilha, tornou-se ainda mais inacessível e isolada. Não consegui barco... O mau tempo e poucas embarcações a fazer a viagem inviabilizaram a ida.
Vou voltar a S. Jorge, às Flores e irei ao Corvo certamente, com calma e à procura de poder "congelar o tempo e descansar sobre ele". Não pensar em nada... Deixar a natureza mandar nos sentidos mais uma vez...


Lagoa comprida (Flores)
Entretanto, vou ver o filme do Gonçalo Tocha e persistir na vontade de regressar em breve aos Açores.
Dêem-me 2m2 para montar a minha tenda virada para o Pico e sou um gajo feliz... 

domingo, março 25, 2012

Colado a este som


Agradável surpresa de 2012...

LPCR

Naquele dia, naquele encontro combinado sob pretextos menores, o seu mundo parou durante alguns segundos...
Assim que se sentaram e ele se viu frente a frente com os grandes olhos pretos, tudo parou...
Parecia um filme...
Nada interessava, só aquele momento tão simples e tão belo. Pelo menos aos olhos dele, enquanto lhe admirava o olhar vivo e tranquilo.
O resto pouco interessava... Aquele momento foi dele.